"É destino de toda verdade ser objeto de ridículo quando exposta pela primeira vez." - Albert Schweitzer

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Por quê o Candomblé “Verde”?


Primeiro preciso dizer por quê o candomblé.

Pois bem, minha família é quase toda espírita, porém são parte umbandistas - de uma corrente antiga, onde ainda não se tentava imitar o candomblé, e, portanto, não existia sequer a menção de sacrifício de animais - e parte kardecistas. Fui criada nessas crenças, mas me faltava alguma coisa. Fui conhecer diversas religiões, e não me senti "em casa" em nenhuma, até o dia, já passada dos 30 anos, em que conheci o candomblé. Me encantei pelas músicas, as roupas coloridas, danças, a energia viva, presente em todos os "xirês" - festas de orixás - e a aparente união, cooperação, humildade dos integrantes daquela comunidade.

Mas quem conhece uma festa de candomblé não conhece absolutamente nada do que é a religião. A festa é apenas a comemoração de todos os rituais que foram realizados por uma razão ou em função de uma pessoa ou ocasião. A festa é a menor parte da coisa. E para conhecer o resto, ou seja, conhecer o candomblé, só estando dentro. Eu entrei.
Fiquei maravilhada com os ensinamentos, a cultura do povo africano transportada para cá, tudo no candomblé me fascinava, e fascina até hoje, com um único porém: a matança de animais. Essa parte sempre foi para mim um tormento, por mais que tentassem me ensinar a finalidade daquilo tudo. Eu sofria demais com aquilo, mas não conseguia me desligar da religião, como não me desliguei até hoje, pois todo o restante sempre me fez muito bem. Tentava minimizar aquilo, e me convencer dos argumentos que me apresentavam, e durante os sacrifícios eu me concentrava em rezar pelo animal, e pedir que ele não sofresse, que Olorum o recebesse rapidamente. E me ocupava também de cuidar bem dos animais que ficavam na casa aguardando os sacrifícios, e cuidar para que ninguém os maltratasse mais do que o absolutamente necessário...

Fui uma filha muito dedicada de um pai de santo que depois provou ser pior que qualquer padrasto. Aproveitador, sem-vergonha, manipulador, extorquia sem dó de qualquer pessoa mesmo seus últimos recursos, prometendo ajuda e recompensa espiritual. Eu o deixei, e à sua casa, logo após a minha iniciação, não apenas por perceber essa conduta, como por perceber que ele sempre pedia aos consulentes e filhos de santo muito mais do que era necessário para qualquer "trabalho", oferenda espiritual, principalmente em animais para sacrifício. Por que? Porque isso enche os olhos de quem está ali à procura de uma "macumbinha", pagando para conseguir isso ou aquilo, e quer ver coisas que impressionam, que chocam, que atestam que está sendo feita alguma coisa em troca daquele dinheiro, porque, infelizmente, o ser humano tem uma curiosidade por tudo que é macabro, assustador, impressionante. Pelo lado do pai de santo, quanto mais bichos e coisas, mais caro ele podia cobrar.

Pois bem, enquanto estive na casa dele me aproximei muito de um outro pai de santo, que era "pai pequeno" lá, e que gostava muito de plantas, e pregava o uso de plantas e ervas nos trabalhos e rituais. Quando saí dessa casa esse outro pai de santo também já tinha saído, e tempos depois nos reencontramos e, junto com outras pessoas, também desligadas dessa casa, montamos a nossa própria. Lá a preocupação era nos mantermos na maior simplicidade possível, e fui feliz lá por mais um tempo.

Acontece que o dinheiro corrompe, a vaidade estraga, a arrogância domina e a pessoa se perde quando acredita ter algum "poder". Também nessa casa comecei a ver os abusos e excessos. Animais em excesso para sacrifícios, montes de comida preparadas para oferendas e depois jogadas no lixo, luxos e gastos desnecessários, feitos para "encher os olhos" do freguês. Nessa época eu já atuava na proteção animal, e a cada ritual de sacrifício me sentia doente, e os argumentos da religião não me convenciam mais. Me afastei e por fim me desliguei completamente também dessa casa, juntamente com mais pessoas (não por coincidência, quase o mesmo grupo que tinha se desligado da casa anterior).

A partir daí decidi pesquisar e estudar alternativas para continuar com a minha religião, que amo, sem o sacrifício animal, que considero desnecessário e incongruente. Meus argumentos eram apenas instintivos, mas convincentes. Como este post já está se extendendo demais, não vou relacioná-los aqui, mas vou descrevê-los em outro post. Nas minhas pesquisas encontrei livros sobre o sangue verde, das folhas, "ewé", energia muito mais pura que do sangue animal, porém, renovável. Energia obtida sem a necessidade da morte de quem a fornece, e portanto, a meu ver, muito mais sagrada. E minha mais grata surpresa nessas pesquisas foi saber que um grande ícone da religião, Agenor Miranda Rocha, concordava com tudo isso há muitos anos!! Veja o que diz desse homem a Wikipédia:

"Agenor Miranda Rocha, o Pai Agenor, (Luanda, Angola, 8 de setembro de 1907 — Rio de Janeiro, 17 de julho de 2004) foi um babalorixá do Candomblé.
Foi iniciado aos cinco anos de idade por Mãe Aninha, Iyalorixá fundadora dos terreiros Axé Opô Afonjá de Salvador e do Rio de Janeiro.
Era professor catedrático aposentado do Colégio Pedro II, estudioso e adivinho do candomblé, o brasileiro que mais conheceu a herança e a Cultura afro-brasileira.
...
Suas declarações são desconcertantes. “A força do candomblé está no sangue verde das plantas e não no sangue vermelho dos animais”, comenta para condenar os sacrifícios em cultos. ..."

O resultado de tudo isso que eu relatei? Nosso grupo de candomblecistas, dissidentes e malvistos pelas casas de onde saímos, hoje pratica o "candomblé verde". Em nossas oferendas, apenas grãos, folhas, flores, e mesmo essas são colhidas com muito respeito, jamais colhendo muitas folhas ou flores da mesma planta, sempre regando a planta que nos ofereceu parte de si, e agradecendo aos orixás pelas bençãos e pedindo mais força e energia para aquele ser vivo, aquela planta. A simplicidade é o que nos norteia. Preparamos comidas para oferendas em pequena quantidade e de forma que fiquem saborosas, pois é delas que nos alimentamos após os rituais. Fazemos nossos trabalhos na mata, ou em um lugar apropriado para isso em Juquitiba, o Vale dos Orixás, e sempre nos preocupamos de levar embora o nosso lixo. Nada de alguidares de barro nas oferendas, apenas folhas servindo de prato. Animais nas oferendas? Sim, nós às vezes oferecemos animais aos orixás. Compramos nos aviários os pombos que estão ali para serem vendidos para sacrifício, e os soltamos na mata. Até mesmo galinhas, patos, pois no Vale dos Orixás esses animais encontram alimento e proteção. Existem até cabritos, bodes, vivendo no Vale! Então a nossa oferenda é poupar pelo menos essa vida, que não teria outro destino ali no aviário que não a morte.

Os Orixás são forças maravilhosas, energias da natureza, nos trazem conforto e paz, força e coragem para seguirmos nosso caminho, batalharmos nosso dia a dia, conquistarmos o que desejamos por nossos próprios méritos, pois o Orixá não enriquece ninguém de dinheiro, mas apenas de saúde, paz e força para trabalhar e alcançar a vitória. Sou candomblecista sim, sou macumbeira sim (macumba não é sinônimo de despacho e sim de festa, comunhão, alegria), visto branco, uso colares coloridos e panos na cabeça, não me envergonho de quem eu sou nem da minha crença, não escondo meu orixá, me orgulho muito dele. Mas cultuo meu orixá e minha religião através da vida, e não da morte de inocentes.

Sou malvista, taxada de louca, marmoteira, dentro da religião? Sim, mas apenas por aqueles que descobriram na religião o seu filão, o seu modo de extorquir os incautos, como shows cheios de cenários e acessórios e atos ensaiados (posso afirmar, com segurança e propriedade, que o que se vê em vídeos na televisão é show ensaiado sim); por aqueles que não querem que as pessoas saibam que não custa quase nada agradar ao seu Orixá; ou por aqueles que não querem abrir mão de seu "poder", se for revelado que o Orixá não está naquele pote cheio de sangue e naquela carcaça morta, e sim no coração de cada filho e na natureza VIVA.

Bem, o post realmente ficou muito longo...hehehe... mas eu queria que todos soubessem que é possível sim acabar com a matança no candomblé, que basta boa vontade e esclarecimento, e que soubesse também que muitas vezes o que move essas pessoas que defendem o sacrifício não é a religião, e sim o dinheiro e o suposto poder que ela pode proporcionar aos inescrupulosos. E também para dar aqui alguns argumentos para uma boa discussão... rsrsrsrsrs...

13 comentários:

Dayane disse...

Bom dia.

Li o seu blog e o assunto que o norteia. Sou iniciada no Candomblé, presencio e participo de diversas discussões sobre o sacrifício, milito contra o sacrifício desnecessário, mas não sou a favor da abolição do ato na nossa religião.
Como ainda nova na religião como iniciada, mas não como convívio, e graças a Olorun tive a sorte de nascer para a religião numa casa séria e com pessoas sérias e éticas para com a religião, tive os meus ensinamentos sobre este tema totalmente ligados à percepção africana. Tendo afastada qualquer visão ocidental e de raíz judaico-cristã. Até por que estes parâmetros não servem para explicar ou visualizar o Candomblé (religião tal com uma base totalmente oriental).
Na medida que converso, leio e discuto sobre esse tema que a sociedada faz questão de polemizar afim de demonizar a religião, vejo o quanto a visão ocidental nos praticantes de Candomblé têm distanciado e deturpado a tradição da religião que tenta, às duras quedas, se manter firme através dos nossos antepassados. Os fundadores dos mais velhos axés.

Candomblé não se resume a sacrifício e espero que no futuro ele não se resuma a essa nova forma deturpada de levar a tradição de toda uma ancestralidade.

Mo jubá

Dayane

Laylah El Ishtar disse...

Parabéns pela coragem minha irmã!!!
Tenho 20 anos de envolvimento com as religiões Afro-brasileiras,acho o Candomblé lindo,mas me afastei exatamente,por causa do luxo,comércio,a onipotência de alguns dirigentes e principalmente por causa dos sacrificios de animais...Voltei para minha Umbanda e também sou uma pedra no sapato de muita gente,mas não me curvo diante de mortais,somente a Olorum e suas divindades...Mais uma vez parabéns,espero um dia conhecer sua Casa.Axé!!!

Marcio Bayone disse...

Parabéns pela sua iniciativa e por divulgar isso através de seu blog. Confesso que fiquei emocionado com o seu post e afirmo: existem diversas pessoas que se encantam pelo candomblé mas que por causa da matança acabam por se afastar dele por não aceitar isso! Acredito que muitas pessoas vivam nessa situação de confusão. Tentam aceitar, tentam compreender a matança, mas o seu íntimo e a sua consciência não permitem isso e aí começa o sofrimento. Amei muito o que li. Senti um conforto e uma esperança.

Edilene Mora disse...

Mó tumbà, Dayane, obrigada pelo seu comentário!
Fico feliz que você tenha tido a sorte de encontrar pessoas sérias para se iniciar na religião, infelizmente não tive a mesma sorte. Como eu disse em outro post, respeito quem pratica a religião da forma tradicional, mas defendo meu direito de praticá-la do jeito que EU acredito ser melhor. Não sou menos candomblecista que qualquer pessoa siga os ensinamentos tradicionais nem a visão africana da religião, e meus Orixás não tem menos valor que os de ninguém.
Mas não vejo o candomblé que se pratica no Brasil como sendo o mesmo que se pratica na África, e sim como uma vertente. Tantas tradições e ensinamentos africanos simplesmente foram adaptados para a nossa realidade que pode-se quase dizer que se trata de outra religião, que veio da mesma raiz. Vejo o candomblé verde como mais uma vertente. Acredito ainda que o que deturpa a religião hoje em dia não é a liturgia e sim a forma como muitas pessoas "importantes" e "formadoras de opinião" do candomblé brasileiro se portam.
Honro e louvo meus ancestrais, mas vivo em outra época e em outra realidade, e oro para que eles me dêem força e sabedoria para continuar com a minha fé da forma como ela me faz bem, e não como outras pessoas acham que deve ser, e não vejo isso como deturpação ou mesmo desrespeito.
Acredito que religiões antigas que praticavam o sacrifício humano agiam assim por acreditar que era certo, na época e de acordo com ensinamentos que receberam. Mas ainda que eu descendesse de algum praticante dessa religião, não o faria hoje em dia, não é?
Concordo com você que o candomblé brasileiro não se resume ao sacrifício, muito pelo contrário, e por isso mesmo sou candomblecista sim, verde.
Abraços e axé,

Edilene Mora disse...

Cara 7 Estrelas, muito obrigada por seu comentário!!
Quando vi todo o luxo, comércio e prepotência de pais de santo na religião, como você mencionou, foi justamente quando encontrei forças para cultuar meus Orixás do jeito que eu acho certo, e que meu coração diz que é o melhor para mim. O candomblé é lindo sim, e não precisa ser manchado com o sangue de animais indefesos, podemos celebrar e cultuar apenas a vida e não a morte!
Eu hoje não tenho uma casa, justamente por conta do meu modo... digamos, peculiar de ver a religião. Mas assim que encontrar uma boa casa que me aceite como eu sou, pode deixar que eu te aviso!! rsrs...
Abraços e muito axé!!

Edilene Mora disse...

Marcio, obrigada por seu comentário!
Fico muito feliz de saber que alcancei alguém dessa forma positiva, a minha idéia era exatamente essa quando decidi escrever a respeito da minha crença, que pessoas que como eu se sentem incomodadas e inconformadas com a matança, mas ainda assim amam o candomblé, saibam que existe sim uma alternativa. E encontrar essas pessoas e aprender cada vez mais sobre essa alternativa, trocando experiências.
Abraços e axé!!

teste disse...
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teste disse...

O sacrifício ritual no Candomblé iniciou-se como um ato sagrado de partilha do alimento: apenas as partes que não se consumiam eram ofertadas aos orixás, via de regra. Além disso, o sangue, para os africanos, era tido, a grosso modo, como um fluido vital e, por isso, detentor de axé. Seguindo por este raciocínio, ainda que simples, pode-se dizer que as seivas das plantas também detém muito axé. Eu concordo completamente com você, minha irmã, em sua postura de adotar as folhas como principal elemento do seu axé, afinal, sem folhas não há Candomblé. É preciso renovar e adaptar o que é possível ser renovado e adaptado, sem perder, contudo, a essência da tradição, tal qual, como você mesmo observou, fora adaptado e modificado quando nagôs e outras tribos juntaram seus conhecimentos para formar o que hoje conhecemos por Candomblé (sem dúvida com grandes diferenças se comparado com o culto na África).

Anônimo disse...

OI EDILENE,
MEU NOME É PITERSON...

NÃO TENHO MUITO O QUE FALAR,SÓ QUERIA AGRACER POIS ESTAVA DESISTINDO DA RELIGIÃO E VOCÊ ME FEZ REFLETIR E CONCORDAR COM O "CANDOMBLÉ VERDE".ESTOU MUITO FELIZ POIS SEI QUE POSSO CONTINUAR NA RELIGIÃO SEM RECEIO DE VER OS ANIMAIS SENDO SACRIFICADOS.
GOSTARIA DE CONHECER A SUA CASA E TALVEZ ATÉ FAZER PARTE DESTA.
SE NÃO FOR PEDIR DEMAIS VC PODERIA ME DAR O ENDEREÇO DE SUA CASA DE SANTO,IREI DEIXAR O MEU E-MAIL SE PUDER POR FAVOR ME ENVIAR...
PITERSONMACEDO@HOTMAIL.COM
AGRADEÇO DESDE JÁ...

Anônimo disse...

Olá Edilene

Só agora tive a oportunidade de conhecer o seu blog.
Após ler todos os seus textos, me proponho a comentar a prática do seu culto:

1 - O culto aos orixás sem a prática de sacrifício animal não é Candomblé;

2 - A religião, seja ela qual for, é formada por dogmas (verdades absolutas) e por ritos;

3 - Os ritos são estipulados no momento de criação de uma religião e são eles que determinam quais práticas são sagradas;

4 - Quando da criação do Candomblé, o sacrifício animal foi estipulado como rito sagrado e parte fundamental do culto desta religião (ou não é?);

5 - Um bom exemplo de diferenças minimas de ritos que destinguem uma religião de outra, é a relação entre Católicos e Evangélicos. Ainda que ambos sejam cristãos, seus métodos e dogmas se divergem;

6 - Assim, o culto aos orixás sem o sacrifício não é e nunca poderá ser denominado de "Candomblé";

7 - Sugiro que dê um novo nome ao seu culto, que me parece ser novo, de forma a não causar nenhum transtorno de interpretação pela população em geral e, principalmente, pelos adeptos do Candomblé;

8 - Ora, ainda sim insisto que as próprias lendas dos orixás tornam contraditória a ideia de se iniciar alguém a orixá sem o sacrifício animal;

9 - Contudo, apraz-me encontrar em seu blog diversos comentários seus e de outras pessoas, condenando as matanças exacerbadas. Também sou adepto à ideia de que todo ato dever ser modernado e conciso, sem exageros;

10 - A religião sempre foi, desde a Grécia Antiga, ou, ainda, desde o tempo dos Orixás, local de refúgio e de busca de verdades que o homem não consegue encontrar na vida material. Um Casa de Camdomblé é local de refúgio para pessoas com todos os tipos de problemas, e para aqueles que buscam uma aproximação com o mundo espiritual, assim como acontece nas mais diversas religiões existentes;

11 - Acredito que a prática religiosa deva trazer benefícios a todos os aspectos da vida humana, quer sejam de ordem material, espiritual, de saúde, familiar, amorosa, etc;

12 - Portanto, quando alguém procurar uma instituição religiosa, é importante que ele saiba de onde vem todas as práticas que compõe o culto prático naquele local.

Fica aí a minha sugestão.

Att.

Paulo

Beto Borges disse...

Muito obrigado pelo texto. Muito esclarecedor.

Celiana disse...

Olá, como vai?
Estou felicíssima por ter encontrado alguém que está em sintonia com outras dimensões da espiritualidade e que encontrou no candomblé sua ponte com a Divindade. Entretanto, possui uma maneira singular de praticar sua religiosidade, sem ferir seus sentimentos e seus próprios valores. Eu também, embora chamada pelos orixás - Iemanjá e Oxum -, e adorá-las com muito respeito e reverência, tenho muitas observações frente a práticas que me colocam perplexa e reticente, quanto ao meu iminente processo de iniciação. E a matança é uma delas. A proibição presente em muitos terreiros que visitei, de fazer questionamentos sobre aspectos que necessito compreender, concorre para me deixar desconfiada sobre a idoneidade de certas ialorixás ou babalorixás. Pois, sinto necessidade de compreender, minimamente, em que terreno estou pisando, o porque de certas práticas. Não me sinto bem em cumprir apenas, obedecer cegamente, se quem interpreta o oráculo, é uma pessoa. Com a preparação que lhe credencia, em alguns casos, mas, é uma pessoa. Uma vez eu perguntei a uma ialorixá, por que um valor tão alto para firmar minha cabeça e ela me respondera que candomblé é para quem tem dinheiro. Em outros terreiros obtive resposta idêntica, ressaltando-se que o orixá precisa ser agradado. Eu estava vivenciando uma situação tão extremada que, quase vendi meu único imóvel, não fosse a intervenção de um amigo. E já se passaram alguns anos e ainda não consegui levantar o valor. Coisas como esta me fazem pensar. Mas, enfim, estou aprendendo como me comunicar com meu orixá e sinto que ele não quer me causar dano, que eu preciso ter a cabeça muito tranquila para administrar melhor minhas intuições e energia, até chegar o momento certo.
Muito obrigada, sinceramente.
Imenso abraço e muito axé!

Anônimo disse...

Bom dia:.

Gostaria muito de conhecer sua roça de candomblé, sou ekede , já completei 7 anos de santo mas não consigo dar obrigação, amo de paixão meu pai de santo, mas não aguento a matança dos animais, então , estou procurando uma casa de candomblé, onde não sejam realizadas matanças de animais e onde nos sintamos bem.
Se puder me mandar o endereço por e-mail ficarei muito grata
sophia.terrae@gmail.com