"É destino de toda verdade ser objeto de ridículo quando exposta pela primeira vez." - Albert Schweitzer

segunda-feira, outubro 11, 2010

Blog das folhas - Parte 897.037 - O (eterno) retorno!!

Well, well, well... Olha eu aqui traveiz!
Vou tirar este pobre bloguezinho da gaveta, chacoalhar a poeira, e escrever um pouquinho. Mas o foco dos posts vai mudar... só um pouquinho!
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Ainda vou escrever sobre o uso medicinal das folhas, portanto, quem quer receitinhas de chazinhos do bem, pode continuar acessando! Mas vou começar a falar mais de um assunto que se tornou uma realidade na minha vida, e por considerar muito importante quero divulgar mais, e tentar atingir e esclarecer mais pessoas: o candomblé "verde".

É isso, sou candomblecista, macumbeira, com a graça de Olodumare, iniciada, filha de Oya, e na MINHA religião, no MEU candomblé, não existe o sacrifício de animais. Ah, sim, esqueci de mencionar, sou uma apaixonada protetora de animais, e isso não combinava com o que aprendi no candomblé. Portanto, com as bençãos dos meus orixás, hoje cultuo e louvo a todos eles apenas com as folhas, grãos e o meu coração. Nada de sangue animal!!

Quem quiser me chamar de marmoteira, fique à vontade! Mas se dê ao trabalho de ler um pouquinho, com isenção e respeito, e vamos discutir* de forma saudável a posição de cada um.

Não pretendo com este blog ensinar ninguém a tocar candomblé. Quero apenas contar a respeito do que EU faço, como faço e porque faço, quero trocar informações com outras pessoas que também seguem essa vertente do candomblé, e quero apresentar àqueles que não conhecem a religião, àqueles que abominam a matança, àqueles que nos consideram bárbaros e ignorantes, uma opção que é - a meu ver - muito mais pura e coerente com uma religião que prega o amor, louvor e respeito à natureza de TODOS os seres vivos.

Axé!!

...
Dicionário Michaelis:
discussão
dis.cus.são
sf (lat discussione) 1 Ato ou efeito de discutir. 2 Exame de um assunto por meio de argumentos; argumentação que tem por fim chegar à verdade ou elucidar dificuldades; debate: Da discussão nasce a luz. 3 Contenda, disputa. 4 Controvérsia, polêmica. 5 Altercação, briga. 6 Dir Sustentação de razões pelas partes litigantes para que se esclareça a verdade do fato e se demonstre a quem assiste o direito pleiteado.
Espero que se aplique aqui APENAS os itens 2 e 6 do verbete. Opiniões, sugestões, comentários, são mais que benvindos. Discussões saudáveis idem. Opiniões contrárias serão respeitadas. Ofensas pessoais serão publicadas como post, respondidas e bloqueadas para réplica. O blog é meu, portanto, essa é a minha regra.
Não escreverei em yorubá por respeito às pessoas que não são da religião e não reconheceriam as palavras, além de não querer correr o risco de escrever algo errado, já que não é uma língua que domine. Sou brasileira e falo português, e todo mundo vai entender o que eu escrevo!

6 comentários:

luciana disse...

OLÁ AMADA AMIGA ;sabes que moro aqui no sul e a mts anos procuro por esse camdomblé sempre procurei de minha maneira fazer assim como vc mas aqui não existe ninguem ai eu fiz o meu fundamento.me nego acortar pra orixa se orixa e força da natureza pq matar e tava vendo o video do pai agenor miranda.isso faz anos ai sim me deu mais força pra eu lutar com unhas e dentes meu pensamento o mesmo o teu estou mt feliz de ter te axado aqui vc não tem noção aqui os pais de santo adoram me tombar dizendo que não existe orixa sem sangue .ai eu como uma boa filha de iansa adoro derrubar muro e muralhas e lutar por um so ideal bato de frente com eles eu queria entrar em contato com vc para eu fazer parte dessa familia.eu ja sou pronta na quimbanda e na umbanda.ja tive nação ja foi cortado pra minha mae 4 pés mas não era isso que eu queria foi meu pior obrigação de minha vida.queria tanto te falar como posso falar com vc me ajuda a mostrar a esses pais de santo que nosso camdomblé e de fundamento.
obrigda bjksssssssss em tua alma miha amiga amada.

Edilene Mora disse...

Olá, Luciana! Obrigada por seu comentário!!
Que bom saber de você, também sou filha de Iansã e sei como é, a gente sempre incomoda, né?? rsrsrs... Mas não se deixe abater, nunca! Digam o que disserem, nossa mãe carrega em seus ventos os insultos que nos são lançados!
Se quiser entrar em contato, me mande um email, ou me deixe seu email aqui.
Um grande abraço, e muito axé!!

bibadode disse...

De tanto procurar pensamentos parecidos,acabei encontrando com o seu,também acho desnecessários o exagero de matanças nos rituais acredito que através dos "outros" tipos de ejé podemos dar continuidade aos nossos louvores aos orixás,apesar que sempre pergunto a eles qual o desejo,se ao invés de um frango ele quiser uma comida seca(por ex) é isso que eu ofereço, não vou dizer que sou 100% vegetariana,pois não sou, seria hipócrita em afirmar, mais acredito que podemos exercer as nossas funções ritualísticas com o minimo de matança,pois já diz 'QUE MUITO EJÉ TRAZ AJÉ" e eu acredito nisso, fico feliz em saber que existe outras pessoas que compartilham,pelo menos em parte de meus pensamentos.Parabéns pelo seu passo.Ganhou uma admiradora.muito Axé.

Edilene Mora disse...

Olá, Bibadode!! Obrigada pelo seu comentário!!
Sabe, na minha família (mais próxima) somos todos candomblecistas, e alguns de nós ainda usam o ejé animal, porém, com MUITA moderação... Assim como o desperdício de comida, abolimos qualquer tipo de desperdício. E aqueles de nós que desejam cultuar seus orixás com ejé animal tem toda a liberdade de fazê-lo, claro! - mas sempre com bom senso. Eu respeito quem usa ejé animal, apenas não participo de nenhum ato onde isso aconteça, me reservo esse direito. Mas entre nós funciona assim, cada um segue o que acredita, respeita a opinião do outro, e qualquer que seja a escolha, sempre pensando no que for mais comedido. Por exemplo, não "despachamos" as sobras de nossos atos em vias públicas, jamais!! O que for possível de ser consumido pelos animais (por exemplo, grãos), espalhamos onde eles possam consumir. Quando vamos ao Vale dos Orixás deixamos a comida para as galinhas, patos, angolas, cães, gatos, cabritos que vivem lá. Não usamos nenhum tipo de pote ou alguidar de barro, e sim folhas como pratos. E quando alguém usa ejé animal, a carne é limpa e preparada para ser consumida, e o que restar vai para o lixo, e nunca para a rua. É uma forma de ser verde também, né??
Abraços, e mó tumbà!!

Migh Danae disse...

Edilene, queria saber mais: há quanto tempo você é iniciada nesse candomblé?
O que você pensa da umbanda?
Existe apenas em SP ou em outros estados é também muito conhecido?
Abraços,

Edilene Mora disse...

Olá, Migh! Mais uma vez, obrigada pelo comentário.
Veja bem, eu não fui iniciada nesse candomblé, o verde. Minha iniciação foi no candomblé tradicional, com sangue animal, há 5 anos e meio atrás. Antes disso eu já estava na religião há uns 4 anos. Eu comecei a praticar o candomblé verde há mais ou menos um ano, por minha conta, sem uma iniciação. Apenas me afastei da casa que frequentava, levei meus igbas para a mata, lavei cada um deles na cachoeira até que ficassem sem nenhum vestígio de sangue, e passei a trata-los com folhas. Pesquisei sobre isso em livros, consultei algumas pessoas e minhas próprias entidades e graças a Olodumare meus orixás aceitaram plenamente essa nova forma de culto.
Quanto à Umbanda, passei por ela antes de chegar ao candomblé. Tenho minhas entidades de umbanda que me acompanham e me ensinam muito. É uma religião que respeito e admiro, principalmente por sua simplicidade e organização, e pelo respeito, amor e fé que seus praticantes demonstram, que é muitas vezes maior que os de praticantes do candomblé. Só não gosto das "misturebas" que tem por aí, caboclos de umbanda sendo vestidos de orixás, pais e mães de umbanda querendo dar obrigação de candomblé em seus filhos, terreiros de umbanda fazendo xirês de orixás... Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, certo? São religiões diferentes, formas de culto diferentes, e tem gente por aí indo em festas de candomblé e tentando imitar nas suas casas de umbanda, sem saber o que estão fazendo. Mas a Umbanda mesmo, a verdadeira, é muito linda e poderosa.
Quanto a existir fora de SP, sinceramente não sei te dizer. São poucas pessoas que cultuam orixás da forma como eu faço, e na verdade, os tradicionalistas nos consideram malucos ou marmoteiros. Não acho que sejamos ainda uma vertente significativa da religião, mas acredito que somos o futuro do candomblé, pois as pessoas cada vez mais percebem a importância de se respeitar os animais e não se dispor deles como se fossem meros objetos sem sentimentos. Chegará um momento em que os sacrifícios de animais não serão mais tolerados como não se tolerariam hoje em dia sacrifícios humanos, e as pessoas perceberão que não há a necessidade de provocar a morte de um ser para louvar uma entidade que é nada menos que parte da própria natureza.
Um grande abraço!