"É destino de toda verdade ser objeto de ridículo quando exposta pela primeira vez." - Albert Schweitzer

segunda-feira, junho 27, 2005

Folha da fortuna


folha fortuna
Originally uploaded by Edilene_Mora.


Nome científico: Kalanchoe brasiliensis
Sinonímia popular: folha da fortuna, saião, folha-fortuna.
Indicações: o suco das folhas é usado para combater frieiras, queimaduras, cicatrizar feridas, aftas, erisipelas, úlceras gástricas e nervosas. Fazer emplasto de suas folhas elimina impurezas da pele. Muitos usam para combater doenças dos pulmões e dos rins.
Fonte: Pastoral da Saúde - Agenda. Porto Alegre - RS.

Uso litúrgico: Existe uma confusão entre três plantas: a coirama ou folha da costa (Kalanchoe pinnata), a folha da fortuna (Kalanchoe brasiliensis) e a folha grossa ou pirarucú (Bryophylum pinnatum). Algumas pessoas nomeiam a todas como folha da fortuna, ou trocam a folha da costa com a folha da fortuna. Na verdade, a folha da costa é consagrada a Oxalá e a folha da fortuna a Oxumarè. Há que se prestar atenção a pequenas diferenças entre as duas, como a aparência "denteada" mais acentuada na folha da costa, assim como a borda arroxeada de sua folha quando madura. Quanto ao seu uso medicinal todas as três têm propriedades parecidas. Já quanto ao uso litúrgico, desconheço a utilidade da folha grossa ou pirarucú.

Folha da Costa


folhacosta
Originally uploaded by Edilene_Mora.
Nome científico: Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers.
Sinonímia popular: Planta do Ar, Coirama, Coirama-Branca, Coirama-Brava, Folha-da-Costa, Paochecara, Sayao, Saião
A infusão é utilizada para baixar febres e para curar inflamações do trato urinário; o suco das folhas frescas batidas no liquidificador com água é indicado para gastrites e úlceras; suas folhas maceradas são utilizadas para picadas de insetos, acelerar o processo de cicatrização em ferimentos e queimaduras; a folha fresca aquecida serve para abcessos, furúnculos e dor de cabeça.
(Fonte: http://www.raintree-health.co.uk/cgi-bin/getpage.pl?/plants/coirama.html )

Uso litúrgico: A folha da costa é tida como sendo uma folha consagrada a Oxalá, mas oferecida a todos os Orixás. Diz-se que é a única folha que se pode utilizar para qualquer pessoa, sem o risco de kizila com o seu Orixá, ainda que este não seja conhecido. É utilizada nas obrigações de cabeça, banhos de limpeza e defesa.

sábado, junho 25, 2005

Dendezeiro


dendezeiro
Originally uploaded by Edilene_Mora.

Que outro vegetal pode ser mais importante para nosso contexto religioso que o dendezeiro?
Creio que podem existir outros tão importantes quanto ele mas nenhum mais importante do que ele.
Das suas folhas faz-se as franjas do mariwo, cortinas sagradas que têm por finalidade resguardar e separar o sagrado do profano.
De seus frutos extrai-se o óleo de palma, conhecido no Brasil como “azeite de dendê”, no Caribe como “manteca de corojo”, entre os nagô como “epo pupa” e entre todos os iniciados como "sangue vegetal".
Retirada a polpa de seus frutos, de onde se obtém o azeite, resta uma semente, pequeno caroço no interior do qual encontra-se um coquinho do qual se extrai um óleo finíssimo denominado “óleo de palmiche”, conhecido em yorubá pelo nome de “adi”. Este óleo seria a maior interdição de Exu e sua grande “kisila”.
Não bastassem os diferentes produtos que nos é fornecido por esta árvore, devemos nos reportar aos seus significados mais profundos.
O dendezeiro é a árvore sagrada de Ifá e é de seus frutos que se obtém os negros caroços que, depois de ritualisticamente consagrados, irão representar Orunmilá em seus assentamentos, além de servirem para as consultas ao oráculo de Ifá onde o próprio Orunmilá é contatado por seus sacerdotes, os babalaôs. Aos caroços assim consagrados dá-se o nome de “ikin”.
Somente os “coquinhos” que possuam quatro “olhos” ou mais servem para esta finalidade, sendo que aqueles que possuem apenas três olhos não devem ser usados para este fim.
Sabemos da existência de escolas que utilizam indiscriminadamente os caroços, independente da quantidade de olhos que possuam, mas não é meu objetivo questionar a validade deste fato na presente mensagem.
O que importa é deixar claro que, classificado científicamente como "Elaeis Guineensis", pertencente a familia das "palmáceas", este vegetal possui ainda duas variações que são a "communis" e a "idolatrica".
A primeira, “comum”, é a mais utilizada na cultura deste vegetal, por produzir, em maior quantidade, frutos maiores e que atendem melhor ao objetivo da produção de mais óleo.
A variedade “idolátrica” produz frutos menores e, por este motivo não é cultivada como sua irmã “comum”, mas é ela que produz as sementes de quatro ou mais olhos o que não ocorre em relação à espécie comum, que pode, ocasional e muito raramente oferecer-nos um caroço de quatro olhos entre milhares de três, e isto é uma exceção dificílima de ocorrer.
Esta diferença sempre foi conhecida pelos africanos que dão, ás duas espécies, nomes diferentes.
Segundo Verger, a variedade “communis” é conhecida pelos nagô pelos seguintes nomes:
Opè pánkóró; ìpánkóró; Opè arùnfó; Opè érúwa; Opè alárùn; Opè eléran; Opè òrùwá, etc.
A variedade “idolátrica” é conhecida como: Opè, Opè Ifá, Opè olífà, Opè kin; Opè ikin; Opè yáaàyàla; Opè peku pe ye; Opè kannakánná e Opè téméré erékè adó.
A questão é a que se segue: será que existem, no Brasil, pés da variedade idolátrica?
Será que se consegue mudas da mesma?
Qualquer informação será de grande utilidade para todos pois é nossa obrigação conservarmos a palmeira sagrada do dendezeiro.

(Texto cedido gentilmente por Ogbebara - http://groups.msn.com/CENTRODEESTUDOS

DACULTURAAFROAMERICANACECAA)

sexta-feira, junho 24, 2005

Garra do Diabo


garradiabo
Originally uploaded by Edilene_Mora.

Nome Científico: Harpagophytum procumbens D. C.
A Garra do Diabo é uma planta originária da África, que se desenvolve especialmente no deserto Kalahari e nas estepes da Namíbia. O nome Garra do Diabo provém do aspecto do fruto ramoso e lenhoso provido de barbas semelhantes a garras. Somente no século XIX foi reconhecido o seu valor terapêutico. Esportistas têm por hábito utilizá-la para evitar as tendinites e as dores musculares.
(Fonte:http://www.omarmoises.com.br/FiTotal.htm )

..."Possui ação anti-espasmódica, favorece um aumento da atividade do fígado estimulando a desintoxicação, especialmente quanto à eliminação de uréia.
Possui também efeito estimulante sobre o sistema linfático.
Estudos ainda em desenvolvimento buscam elucidar sua provável ação sobre a vesícula, pâncreas, estômago, intestino e rins.
Contra-indicações / efeitos colaterais / precauções:
Pessoas com úlcera nas vias digestivas e intestinais. Em casos de litíase biliar utilizar somente com consulta ao médico. Não deve ser usado durante a gravidez. Seu uso prolongado pode causar disturbios de digestão. Pode causar efeito laxante no início do tratamento e podem ocorrer também transtornos hepáticos."

(Fonte: Monografia de Plantas Medicinais - Curso de Fitoterapia - pag. 14 - Fundação Herbarium de Saúde e Pesquisa)

Continuação - Aroeira

Curiosidades: Seus frutos são utilizados na Flórida para decoração de Natal, o que lhe conferiu a denominação de Christmas-berry. Em 1996, uma patente americana foi criada para um produto feito com o óleo essencial de aroeira brasileira, Schinus Terbinthifolius, como um remédio tópico de ação bactericida utilizado contra Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus para seres humanos e animais (um preparado para nariz, ouvido e peito).
A mesma companhia criou uma outra patente em 1997 para um preparado similar usado para limpeza de pele e de ação bactericida.
(Fonte: http://ci-66.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp )
Uso litúrgico: Nos terreiros de Candomblé este vegetal pertence a Exu e tem aplicação nas obrigações de cabeça, nos sacudimentos, nos banhos fortes de descarrego e nas purificações de pedras.

Aroeira


aroeira
Originally uploaded by Edilene_Mora.

Nome científico: Schinus molle L.
Sinonímia popular: Aroeira vermelha, aroeira mansa, corneíba
Partes usadas: Cascas , folíolos, sementes, frutos, óleos resinos
Uso medicinal
As cascas e folhas secas da aroeira são utilizadas contra febres, problemas do trato urinário, contra cistites, uretrites, diarréias, blenorragia, tosse e bronquite, problemas menstruais com excesso de sangramento, gripes e inflamações em geral. Sua resina é indicada para o tratamento de reumatismo e ínguas, além de servir como purgativo e combater doenças respiratórias.
Emprega-se também contra a blenorragia, bronquites, orquites crônicas e doenças das vias urinárias.
Seu óleo resina é usado externamente como cicatrizante e para dor-de-dente.
A resina amarelo-clara (a qual endurece ao ar tornando-se azulada e depois pardacenta), proveniente das lesões das cascas, é medicamento de larga aplicação entre os sertanejos, como tônico, nos casos em que usam cascas.
Em outros tempos, a aroeira foi utilizada pelos jesuítas que, com sua resina, preparavam o " Bálsamo das Missões ", famoso no Brasil e no exterior.
A planta inteira é utilizada externamente como anti-séptico no caso de fraturas e feridas expostas. O óleo essencial é o principal responsável por várias atividades desta planta, especialmente à ação antimicrobiana contra vários tipos de bactérias e fungos e contra vírus de plantas, bem como atividade repelente contra a mosca doméstica. Este óleo essencial, rico em monoterpenos, é indicado em distúrbios respiratórios. É eficaz em micoses, candidíases (uso local) e alguns tipos de câncer (carcinoma, sarcoma,etc.) e como antiviral e bactericida. Possui ação regeneradora dos tecidos e é útil em escaras, queimaduras e problemas de pele.
Externamente, o óleo essencial da aroeira brasileira utilizado na forma de loções, gels ou sabonetes, é indicado para limpeza de pele, coceiras, espinhas (acne), manchas, desinfecção de ferimentos, micoses e para banho.
Em muitos estudos in vitro, extratos da folha da aroeira brasileira demonstram ação antiviral contra vírus de plantas e apresentam ser citotóxicos para 9 tipos de câncer das células.
Em banhos é utilizado o decocto da casca de aroeira para combater úlceras malignas.

(Fonte: http://ci-66.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp )

quarta-feira, junho 22, 2005

louro


louro
Originally uploaded by Edilene_Mora.
Nome científico: Laurus nobilis L.

Uso medicinal: Estimula o fluxo urinário e alivia a dor reumática e até as dores em geral. É usado em contusões, onde aumenta a circulação sangüínea e em bronquites; tira manchas e cicatrizes da pele. Regulariza o fluxo menstrual, é tônico do sistema reprodutor e agiliza o parto. Extrato de folhas de louro aumenta em até 3 vezes a ação da insulina.
Pode ajudar a diminuir as vertigens, por abrandar infecções otológicas. Tem fama de tonificar o couro cabeludo e o cabelo, estimulando o crescimento deste e eliminando caspa.
O óleo essencial é produzido em escala comercial no Marrocos e Espanha e pode irritar mucosas, além de ter um leve efeito narcótico.
Existe o louro-preto, Nectandra rígida Nees/ Laurus rígida Will./ N. oppositifolia Nees (e outros nomes) uma espécie de canela, cuja casca é muito usada como anti-reumático e o fruto é consumido por vários pássaros.
Outro Laurus é o camphora L, o cinamomo ou cânfora comum.

Outros usos: A aromaterapia usa para excitar as emoções(?). Consumido na culinária.
(fonte: http://ci-66.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp )

Uso litúrgico: Planta que simboliza a vitória, por isso pertence a Oyá. Não tem aplicação nas obrigações de cabeça, mas é usada nas defumações caseiras para atrair recursos financeiros. Suas folhas também são utilizadas para ornamentar a orla das travessas em que se coloca o acarajé para arriar em oferenda a Iansã.

Citronela


copy_citronela
Originally uploaded by Edilene Mora.
Nome científico: Cymbopogon nardus (L.) Rendle
Também conhecido popularmente como Citronela-do-ceilão, cidró-do-paraguai

Aplicação do óleo essencial:

- Como planta aromática para fins de perfumaria;
- Para afugentar insetos do lar e de grãos armazenados;
- Como desinfetante do lar e bactericida laboratorial;
- Como matéria-prima para a síntese de outros aromas.
(Fonte: http://ci-66.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp )

Uso litúrgico: desconhecido

Antes de mais nada...

...gostaria de deixar claro que as informações que vou divulgar aqui sobre o uso medicinal das plantas NÃO deve ser usado para a prática da auto-medicação, nem para diagnosticar, curar, tratar ou prevenir doenças, e sim apenas para conhecimento e pesquisa.
Nunca se deve manusear plantas desconhecidas, lembrando que todas as plantas contém diversos princípios ativos, inclusive em alguns casos podendo causar danos severos à saúde e até levar à morte.
Nunca se deve usar como remédios plantas das quais não se conhece a origem, forma de plantio e colheita, indicação e contra-indicação exatas.
Não se deve deixar plantas medicinais ao alcance de crianças.
Qualquer tratamento ou terapia alternativa deve ser acompanhado por um especialista de sua confiança.

Quanto ao seu uso litúrgico, não pretendo divulgar aqui verdades absolutas, e quem conhece um pouco do candomblé sabe que isso seria impossível. Quero apenas divulgar o que vou aprendendo, e gostaria de convidar a todos que visitarem este blog a comentar, opinar, e mesmo contrariar o que eu expuser a respeito, afinal, minha intenção é justamente a de aprender cada vez mais, e acredito que "toda unanimidade é burra".

Bem vindos!!!

Meu interesse por folhas...

.. é variado, gosto de conhecer, pesquisar, aprender com livros ou com as pessoas antigas, tanto o uso medicinal quanto o litúrgico.
Atualmente estou fazendo um curso de fitoterapia, e a cada dia descubro mais uma coisa fascinante sobre as ervas, seu uso medicinal absolutamente amplo e tão pouco conhecido por nós, moradores da cidade grande (relativamente) jovens.
Já o meu interesse por seu uso litúrgico começou juntamente com a minha fascinação pelo candomblé, no qual as folhas estão presentes em todos os rituais. Nesse aspecto ainda tenho muuuito pra aprender, mas caminho passo a passo, e tento absorver tudo que "meus mais velhos" têm pra me ensinar.
É um pouco disso que quero deixar registrado aqui. Tudo o que vou descobrindo e que gostaria que todos conhecessem, para que pudéssemos viver de maneira mais saudável e, conseqüentemente, feliz.